(Um introdução à Globalização)
O ano era 1988. O Brasil aos
poucos abria-se para o mundo após a ditadura militar. Quase toda influência
estrangeira era “made in USA”, por determinação do regime com raras exceções e
censura. Nesta época, chegava em terras brasileiras um anime (desenho animado
japonês) de nome Zillion, dos Estudios Tatsunoko de 1987. Contava um enredo
diferente dos que os garotos e garotas estavam acostumados: uma guerra em 2378,
entre a espécie humana e uma raça alienígena num planeta distante pela
sobrevivência. Nele, os heróis, (o desajustado J.J, a linda Apple e o vaidoso
Champ) contavam com pistolas lasers misteriosas chamadas Zillion. A série,
apesar da curta exibição, tinha sido sucesso rápido no Brasil, com doses de
violência até então não vistas em desenhos animados de heróis exibidos aqui,
como “He-man” ou “Thundercats”.
Um ano depois, a Tectoy (empresa
de brinquedos eletrônicos brasileiros) é autorizada como filial da SEGA
(empresa japonesa de videogames) para fabricar o videogame Master System, com
recursos muito superiores a um dos poucos videogames conhecidos dos
brasileiros, o Atari. O Atari não tinha tornado ainda um hábito dos jovens
brasileiros ter um videogame doméstico, ou passar mais de 1 hora e meia
jogando-o. Ainda o governo militar fazia questão de apenas permitir cópias feitas no Brasil, uma espécie de "pirataria oficial".
O brinquedo contava com uma pistola Q-zar, de
luz vermelha, que com um sensor preso no peito, simulava um “paintball”
eletrônico. Aqui no Brasil recebeu o nome de “pistola Zillion”. Surpresa também
foi o lançamento de dois jogos no mesmo ano, “Zillion” e “Zillion II: The
Tri-Formation”. O primeiro jogo é hoje peça raríssima de colecionadores devido
à grande venda, levando dias para ser concluído o desafio. Já o segundo foi
classificado entre um dos clássicos da SEGA. A música (algo raro nos jogos de Atari) era uma versão do tema do desenho, cantado pela cantora Risa Yuki, desconhecida no Ocidente.
Muitos fãs compreendem hoje que o
anime foi feito como um acordo entre o estúdio de desenhos animados e a então
jovem empresa de videogames, garantindo o sucesso tanto dos animes quanto do
Master System no Brasil e na Europa.
Em tempo: o caso de Zillion e o Master System é uma boa oportunidade de discutir a abertura da Globalização, e o papel da mídia e das transnacionais, além é claro, a onda da revolução tecnológica.
Em tempo: o caso de Zillion e o Master System é uma boa oportunidade de discutir a abertura da Globalização, e o papel da mídia e das transnacionais, além é claro, a onda da revolução tecnológica.
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